
A morte de Tim Lopes, em 2002, tornou-se um dos episódios mais brutais da história recente do jornalismo investigativo e do Rio de Janeiro. O jornalista, cujo nome de batismo era Arcanjo Antonino Lopes do Nascimento, tinha 52 anos e investigava denúncias de prostituição infantil e tráfico de drogas em um baile funk na Vila Cruzeiro, na Penha, quando desapareceu no dia 2 de junho.
Testemunhas relataram que ele foi sequestrado, torturado e executado por ordem do traficante Elias Pereira da Silva, o “Elias Maluco”. O corpo de Tim foi queimado em uma fogueira de pneus, prática conhecida como “micro-ondas”, e os restos mortais foram encontrados dias depois em um cemitério clandestino no alto da favela. Em 5 de julho, exames de DNA confirmaram a identidade. O enterro aconteceu dois dias depois.
A perícia também detectou vestígios de DNA de outras três vítimas no local, reforçando o alcance da violência comandada pelo tráfico. Sete acusados foram presos, e em 2005 todos foram condenados: Elias Maluco recebeu pena de 28 anos e seis meses; outros cinco comparsas, 23 anos e seis meses; e um deles, 15 anos. Elias havia sido capturado em 19 de setembro de 2002, 109 dias após o crime.
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Na noite em que desapareceu, Tim partiu de Copacabana rumo à Vila Cruzeiro sem levar documentos para evitar ser reconhecido, já que era conhecido na comunidade por reportagens que expunham o tráfico.
Ele entrou na favela com um motorista da TV Globo, mas decidiu seguir sozinho para filmar o baile com uma microcâmera escondida. A presença do equipamento foi notada por uma criança, que avisou os criminosos. Pouco depois, Tim foi abordado e não voltou mais.
Ao longo de mais de 30 anos de carreira, Tim Lopes foi referência no jornalismo investigativo brasileiro, famoso por se disfarçar para mostrar realidades ocultas. Fingiu ser dependente químico para denunciar irregularidades em clínicas, trabalhou como pedreiro para expor as condições em obras e até vestiu-se de Papai Noel para contar o Natal de crianças pobres.
Formado pela Faculdade Hélio Alonso (Facha), atuou em jornais como O Globo, O Dia, Jornal do Brasil, Folha de S.Paulo e na revista Placar. Era casado com a estilista Alessandra Wagner havia uma década e deixou um filho, Bruno Quintella, do primeiro casamento.