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Potássio: Nova Olinda do Norte pode ser nova fronteira para área de fertilizantes da Petrobras

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Potássio: Nova Olinda do Norte pode ser nova fronteira para área de fertilizantes da Petrobras

A Petrobras anunciou, neste mês, que pretende voltar a investir na indústria de fertilizantes para aproveitar o gigantesco potencial do agronegócio brasileiro e, com isso, novamente entrou na pauta e nos sonhos a exploração de potássio no município de Nova Olinda do Norte, na região do rio Madeira, onde a estatal detém a concessão exclusiva para a exploração.

Conforme um estudo do início dos anos 2010, feito pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB), Nova Olinda do Norte tem uma reserva de silvinita (rocha de onde é extraído o potássio) de aproximadamente 1 bilhão de toneladas, a metade da reserva que será explorada pela Potássio do Brasil no município vizinho de Autazes, na Região Metropolitana de Manaus (RMM).

Conforme um executivo ouvido pela Rede Onda Digital, houve, desde o início do século, uma disputa entre a Potássio do Brasil e a Petrobras pela lavra de silvinita em Nova Olinda, mas após os estudos e o início da prospecção pela empresa canadense, a Petrobras simplesmente desistiu de vender a concessão e a manteve inalterada até hoje.

A Potássio foi a luta e conseguiu a concessão de lavra para Autazes, e Nova Olinda do Norte ficou sem essa alternativa de desenvolvimento econômico.

Ex-assessor da presidência da Petrobras, Marcelo Ramos afirma que o interesse da empresa pela área de fertilizantes é antigo, mas durante o período que trabalhou lá nada ouviu sobre exploração da mina de Silvinita de Nova Olinda do Norte.

Um dos primeiros a defender a exploração de potássio no Amazonas, antes em Nova Olinda e agora em Autazes, o deputado Sinésio Campos (PT) disse que é um desperdício deixar de explorar o potencial de Nova Olinda, uma vez que as jazidas de Silvinita começam lá, passam por Autazes e se estendem até Itacoatiara, com uma reserva estimada pelo SGB de mais de 3,5 bilhões de toneladas.

Sinésio falou tanto sobre a silvinita de Nova Olinda do Norte durante os governo Lula 1 e 2, que o ex-presidente da Assembleia Legislativa do Amazonas, Belarmino Lins, o Belão, o chamava de “deputado silvinita”.

É da silvinita que sai o Potássio, o “P” da sigla NPK, o principal fertilizante usado pelo agronegócio do País. Portanto, se a Petrobras voltar ao mercado de fertilizantes, certamente vai ter de “comprar” ou explorar o potássio, o que demandará novamente estudos sobre o potencial do município da calha do rio Madeira.


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Uma história de sonhos e decepções com Estatal

A decisão da Petrobras de não explorar a silvinita encontrada em Nova Olinda do Norte e deixar este potencial econômico parado desde o início da década passada, foi o segundo “golpe” aplicado pela Estatal na esperança de desenvolvimento econômico da população do município, um dos mais pobres do Estado.

Nos anos 1950, quando a Petrobras foi criada no governo de Getúlio Vargas, mais de cem sondas de perfuração operaram no município, então uma vila de Autazes. O trabalho deu resultado e em 13 de maio de 1955 o poço NO-3 trouxe a tona o tão ansiado petróleo. Conforme reportagens da época, o potencial era de cinco mil barris/dia, o que era uma excelente produção para aquele momento da história da estatal.

Poço NO-3, o primeiro de onde jorrou petróleo em Nova Olinda do Norte

O potencial econômico de Nova Olinda do Norte, logo elevada a categoria de cidade, era tanto que nas eleições que escolheu o sucesso de Getúlio, que havia se suicidado em agosto de 1954, os presidenciáveis Juscelino Kubitschek, que chegou a tomar banho de petróleo com um terno branco, e Café Filho, visitaram o canteiro de exploração deste poço no Amazonas.

O sonho, contudo, virou passado quando o primeiro presidente da ditadura militar, Castelo Branco, mandou fechar os poços e acabar com todas as operações da Petrobras no Amazonas. A opção dos governos militares foi explorar petróleo em águas marinhas, no recôncavo baiano (BA) e na bacia de Campos (RJ). A única exploração em terra firme (on shore) mantida foi na cidade potiguar de Mossoró.

Até hoje existem em Nova Olinda do Norte estruturas criadas para abrigar os funcionários da Petrobras, que no auge da exploração eram mais de dois mil, e os poços fechados com grossas placas de concreto.