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Mirassol encanta o Brasil e revela a mente do triunfo

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Mirassol encanta o Brasil e revela a mente do triunfo
Juninho Antunes, (à esquerda), Paulinho e Edson Ermenegildo, dirigentes do Mirassol (Foto: JP Pinheiro/Agência Mirassol)

O novato que se tornou uma sensação no Campeonato Brasileiro não é oriundo de uma metrópole nem tem o apoio de um bilionário. O Mirassol, time de uma cidade com pouco mais de 60 mil habitantes, surpreende o Brasil com uma campanha histórica em sua temporada inaugural na Série A, demonstrando que uma gestão eficaz pode superar orçamentos milionários. Juninho Antunes é o cérebro anônimo que está no centro dessa revolução, responsável pela transformação do Leão.

Juninho faz parte do clube desde 1989 e, mesmo com a atenção recente, prefere permanecer no anonimato. Ele gerencia as finanças, negociações, contratações e até valida cada aquisição realizada pelo Mirassol.

“É uma paixão que tenho pelo futebol. O que o Mirassol me deu, eu retribuo no futebol. Era um menino de 23 anos, comecei com 200 m² e hoje tenho quatro lojas em Mirassol com 400 funcionários. Nunca tive um real pelo Mirassol e nem jogador. O trabalho que executo no Mirassol, executei na minha empresa, e é um negócio que me faz bem”, conta.

Chico Costa marca e comemora gol contra o Botafogo no Brasileirão (Foto: Pedro Zacchi/Agência Mirassol)
Chico Costa marca e comemora gol contra o Botafogo no Brasileirão (Foto: Pedro Zacchi/Agência Mirassol)

Juninho, que tem trinta anos de parceria com o presidente Edson Ermenegildo, é o encarregado direto de todas as fases do desenvolvimento do clube, desde a compra do terreno para o centro de treinamento até a contratação de atletas. Ao final de 2023, passou a contar com a companhia de Paulinho, ex-volante do Corinthians, que atualmente é executivo de futebol.

“Ele praticamente é tudo no Mirassol. É um gestor. Me sinto privilegiado, porque ter um cara como o Juninho cuidando de tudo isso, é para poucos. A cada dia aprendo com ele, que vai me ensinando como funciona o futebol, o relacionamento com atletas e representantes. É prazeroso dividir tudo isso com ele. Ele já está nisso há mais de 30 anos, tem uma experiência enorme”, elogiou o ex-jogador.

O modelo de gestão é rigoroso e centralizado: todas as decisões financeiras passam pelo controle de Juninho. Apesar de ter receitas modestas, provenientes de cotas de TV, competições e vendas de jogadores, o Mirassol consegue manter um orçamento equilibrado e, acima de tudo, livre de dívidas.

“O segredo (do sucesso) é a seriedade, a forma responsável de administrar. Temos muito cuidado com a parte financeira, porque o clube não tem um investidor forte. Tivemos alguns parceiros desde 2007, mas desde 2019 não temos mais ninguém. É um clube que só investe com base em suas próprias receitas. Não tem outra situação”, afirma o dirigente.

Diferente de muitos rivais, o Mirassol não é uma SAF. O clube segue como associação e não possui donos nem diretores remunerados.

“O Mirassol é uma associação. Não é uma SAF, não tem dono. Não tem nenhum diretor remunerado no Mirassol. O clube tem um Conselho Deliberativo há muito tempo, que dá um suporte muito grande. É um Conselho que todos os anos nos dá bastante abertura e liberdade e confia no nosso trabalho”, explica Juninho.

Em 2024, a adesão à Liga Forte União gerou R$ 21 milhões — R$ 8 milhões foram destinados ao fortalecimento do time, enquanto R$ 13 milhões foram aplicados na reforma do estádio José Maria de Campos Maia.

Embora não aceite o rótulo de “faz tudo”, Juninho enfatiza a relevância da união no clube:

“O Mirassol não é um time de um nome só. É um clube formado por profissionais que estão aqui há muito tempo, que vestem a camisa, que são da cidade. Gente de sangue daqui. Outro dia lembrávamos: jogávamos em Altos, do Piauí, parava no meio da rua, e hoje estamos no Maracanã. É um sonho realizado. Mas quero deixar claro: ninguém faz nada sozinho. Eu até comando esse grupo de trabalho, mas não existe “Juninho é o cara”. Isso está errado. Não há diretor remunerado, todos estão por paixão e comprometimento”, explicou.


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Com uma administração exemplar, finanças equilibradas e um projeto sustentável, o Mirassol não apenas enfrenta grandes clubes no campo, mas também se destaca como um exemplo de gestão no futebol brasileiro. E, com o cérebro que dirige o clube nos bastidores no comando, a trajetória do pequeno gigante do interior paulista está apenas no início.

“Só que, com a campanha que temos, não dá mais para pensar pequeno. Com a pontuação atual, já é muito difícil cair. Agora vamos sonhar mais alto: buscar uma vaga na Sul-Americana”, resume Juninho.