As redes sociais se tornaram parte essencial do cotidiano, especialmente após a pandemia, e hoje são ferramentas importantes para comunicação, estudos e negócios. Entre crianças e adolescentes, porém, o uso intenso desses ambientes aumenta a exposição a conteúdos impróprios e a riscos de interação com pessoas mal-intencionadas.
Para ampliar a proteção desse público, o Meta implementou novas medidas de segurança no Instagram, plataforma mais usada pelos jovens. Desde 2024, a rede passou a adotar a “Conta de Adolescente”, que aplica automaticamente camadas extras de privacidade para usuários de 13 a 17 anos. O recurso, lançado em fase beta nos EUA, chegou ao Brasil em fevereiro de 2025 e será expandido globalmente até 2026.
As medidas incluem perfis privados por padrão, filtros de conteúdo sensível, restrições a mensagens de desconhecidos e novas ferramentas de supervisão familiar — que permitem acompanhamento sem acesso às conversas. O objetivo é equilibrar proteção, autonomia e educação digital entre menores de idade.
Regras mais rígidas para jovens

Com a Conta de Adolescentes, o Instagram aplica um pacote de limitações que altera diretamente a forma como menores interagem na rede. Entre os principais pontos:
- Perfil privado automaticamente, permitindo que apenas seguidores aprovados visualizem conteúdo.
- Filtros inteligentes barram posts com nudez, violência, desafios perigosos ou temas que envolvam riscos à saúde.
- Mensagens diretas restritas a pessoas que o adolescente já segue.
- Painel de supervisão parental, onde responsáveis monitoram tempo de uso, alterações na lista de seguidores e limites de interações.
- Lembretes de tempo e bloqueios programados, que controlam a quantidade de horas online.
- Modo descanso noturno, que silencia notificações entre 22h e 7h.
O sistema também passa por atualizações contínuas para identificar comportamentos suspeitos, reduzir casos de cyberbullying e impedir tentativas de golpe ou assédio.
Supervisão sem violar privacidade
Os responsáveis têm acesso a um painel de controle que reúne informações essenciais, como tempo de uso, alterações recentes no perfil e opções de limites para seguidores e mensagens. Ainda assim, o Instagram mantém o sigilo das conversas privadas, buscando incentivar diálogo familiar e uso consciente da tecnologia.
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As possibilidades de uso do Conta de Adolescente vêm se mostrando uma ferramenta muito efetiva para os pais. André Campos, de 38 anos, trabalha como autônomo e é pai de dois adolescentes, um de 13 e outra de 17 anos, e reconhece que nem sempre é fácil conferir tudo que os filhos fazem na internet.
“Trabalho o dia todo e minha esposa também. Procuramos acompanhar, conversar e orientar todos os dias, mas pai e mãe que trabalham todo dia não conseguem acompanhar tudo que os filhos fazem no celular. Então, pelo menos no Instagram, esse recurso vem ajudando muito”, afirmou André.
Apesar das vantagens de usar os recursos do Conta de Adolescentes, essa nova ferramenta ainda é objeto de discussão e até mesmo de reprovação. A contadora Aline Gabrielle Ferreira, de 42 anos, acha importante a orientar e conversar, mas confessa que a ideia de usar uma ferramenta dessas seria como espionar a filha, de 14 anos.
“Minha filha conversa comigo, me mostra tudo, ela aprendeu a confiar em mim e eu sei que posso confiar nela. Acho que cada pai deve fazer o que acha certo para criar os filhos. Mas eu não me sentiria a vontade em invadir a privacidade da minha filha desse jeito”, diz Aline.
Perguntado sobre a questão de privacidade, André Campos aponta que zelar nunca é demais. “Não vejo como invasão de privacidade. Muitas vezes não se trata de confiar ou não nos filhos e no que eles falam. Mas infelizmente, tem muita gente ruim nas redes sociais, e usar essa ferramenta é mais sobre segurança do que sobre controle”, reflete.
Novos recursos para o futuro
O Meta planeja ampliar, em 2026, os recursos do sistema Contas de Adolescentes, incluindo filtros baseados na classificação PG-13 da Motion Picture Association (MPA) para definir automaticamente o tipo de conteúdo exibido a usuários de 13 a 17 anos. Materiais compatíveis com essa faixa etária serão exibidos por padrão e só poderão ser alterados com autorização dos responsáveis.
A empresa afirma que continuará aprimorando o sistema para bloquear conteúdos que escapem aos filtros, além de permitir configurações ainda mais restritivas para famílias que desejarem. Enquanto isso, novos mecanismos buscam ampliar a segurança de jovens nas plataformas, e a expectativa é que outras redes, como o Discord, adotem iniciativas semelhantes.