Dormir pouco faz mal à saúde, fato já conhecido. No entanto, três noites mal dormidas consecutivas já são suficientes para que o corpo apresente sinais de desgaste, especialmente no coração. É o que indicam uma série de estudos de instituições internacionais, como a American Heart Association (AHA), e publicações em revistas científicas dedicadas ao sono e à cardiologia.
Uma pesquisa da Universidade de Uppsala, na Suécia, revela que apenas três noites com privação de sono já aumentam o risco de doenças cardiovasculares. O estudo foi publicado na revista Biomarker Research.
Ao analisar amostras de sangue de 16 homens jovens, saudáveis e com peso normal, os cientistas observaram elevações em cerca de 90 proteínas, muitas delas ligadas à inflamação, após o período de restrição de sono. Essas proteínas já haviam sido associadas a condições graves, como insuficiência cardíaca e doença arterial coronariana.
Segundo os pesquisadores, essas alterações mostram que o coração é um dos primeiros órgãos a sofrer os impactos da privação de sono, mesmo em indivíduos saudáveis.
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A American Heart Association ressalta que tanto a quantidade quanto a qualidade do sono são pilares fundamentais para o bom funcionamento do sistema cardiovascular. No curto prazo, noites mal dormidas aumentam a produção de hormônios ligados ao estresse, como o cortisol, elevam a frequência cardíaca e prejudicam a regulação da pressão arterial. No longo prazo, contribuem para inflamação crônica, ganho de peso, diabetes e doenças cardíacas.
A Associação Brasileira do Sono também alerta que o descanso adequado é essencial para todas as idades e cita que o sono influencia não apenas o comportamento e a cognição, mas também a saúde cardiovascular em todas as fases da vida.
Brasil dorme pouco
Dados da Associação Brasileira do Sono indicam que a população brasileira tem dormido menos nos dias de semana. Em 2019, a média de sono foi de 6,4 horas, abaixo do recomendado pela AHA, que orienta entre 7 e 9 horas por noite para adultos.
Os problemas mais relatados pelos brasileiros incluem: acordar durante a noite (50% a 57% das pessoas), sensação de cansaço ao despertar (48% a 52%), dificuldade para iniciar o sono (44%), sonolência excessiva durante o dia (26% a 34%).

Segundo especialistas, esse padrão de sono insuficiente pode contribuir para o aumento de doenças cardíacas no país. Se três noites mal dormidas já são capazes de alterar marcadores inflamatórios, a rotina de privação crônica vivida por milhões de brasileiros representa um cenário ainda mais preocupante.