
A desidratação leve é mais comum do que parece e costuma afetar o organismo muito antes de a sede dar sinal. Quando a ingestão de água cai, o corpo automaticamente entra em um modo de economia para manter as funções vitais e os rins são os primeiros a sentir o impacto.
Especialistas explicam que, mesmo com uma redução pequena no volume de água disponível, o fluxo de sangue que chega aos rins diminui e chega mais concentrado. Com isso, essas estruturas precisam trabalhar no limite para filtrar toxinas e equilibrar o organismo. Esse esforço constante pode abrir caminho para uma série de sinais que passam despercebidos no dia a dia.
Entre os sintomas mais comuns estão cansaço frequente, queda na concentração, dor de cabeça, tontura ao levantar, urina escura ou com odor mais forte e menor volume de xixi ao longo do dia. Tudo isso é consequência dos mecanismos de compensação que o corpo aciona, menos circulação de sangue, liberação aumentada de hormônios que retêm líquido e redução no volume filtrado pelos rins.
Com o tempo, esse ambiente mais denso e pobre em irrigação deixa o rim vulnerável. A urina concentrada favorece a formação de cristais e facilita o surgimento de cálculos renais. A limpeza das vias urinárias também fica prejudicada, permitindo que bactérias provoquem infecções. Em longo prazo, episódios repetidos de desidratação aumentam o risco de doença renal crônica.
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Alguns grupos têm risco maior de sofrer com esses efeitos. Crianças e idosos costumam sentir menos sede e dependem de terceiros para manter a hidratação adequada. Quem trabalha no calor, passa longos períodos no ar-condicionado ou pratica exercícios intensos perde líquido mais rapidamente. Já hábitos como consumo frequente de café, chás estimulantes, bebidas alcoólicas e o uso de diuréticos aceleram a eliminação de água.
De acordo com o nefrologista Pedro Mendes Filho, do Hospital Brasília, uma queda discreta na ingestão hídrica já é suficiente para alterar a forma como o rim filtra o sangue. O nefrologista Filipe Krüger, do Hospital São Lucas, no Rio de Janeiro, reforça que idosos têm percepção reduzida de sede, o que prolonga o déficit de hidratação sem que percebam.
A recomendação dos especialistas é simples, não esperar a sede aparecer. Manter a ingestão de água ao longo do dia é a principal forma de evitar que o corpo entre em alerta e proteger a saúde dos rins no curto e no longo prazo.