
Uma vacina experimental desenvolvida para prevenir o câncer de mama triplo negativo, a forma mais agressiva e letal da doença, apresentou resultados promissores em estudos iniciais. Segundo pesquisadores da Cleveland Clinic, a vacina produziu uma resposta imunológica em 74% dos participantes e foi segura e bem tolerada.
Os resultados do estudo de fase 1 foram apresentados no Simpósio de Câncer de Mama de San Antonio, no Texas, EUA. Os achados servirão de base para o estudo de fase 2 subsequente. No total, são necessárias três fases para que uma terapia tenha sua segurança e eficácia atestadas e para que ela seja aprovada pelos principais órgãos regulatórios, como a FDA (Food and Drug Administration) e Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
“O câncer de mama triplo-negativo continua sendo uma das formas mais difíceis de tratar com eficácia”, afirma G. Thomas Budd, do Instituto de Câncer da Cleveland Clinic e investigador principal do estudo, em comunicado. “Os resultados deste ensaio clínico são promissores, pois sugerem que a vacina experimental não só é segura e bem tolerada, como também capaz de induzir respostas imunológicas em mais de 70% dos participantes.”
Leia mais
Anvisa aprova primeira vacina de dose única contra a dengue
O estudo realizado pela Cleveland Clinic incluiu 35 pessoas e as dividiu em três grupos:
- pacientes que concluíram o tratamento para câncer de mama triplo-negativo em estágio inicial nos últimos três anos e estão livres de tumor, mas com alto risco de recorrência;
- indivíduos sem câncer que possuem mutações genéticas associadas a um risco elevado de câncer de mama e que optaram por realizar uma mastectomia preventiva;
- pacientes com câncer de mama triplo-negativo em estágio inicial que receberam quimioimunoterapia pré-operatória e cirurgia e foram tratadas com pembrolizumabe, essas pacientes apresentam câncer residual no tecido mamário, o que aumenta a chance de retorno do tumor.
A vacina tem como alvo a α-lactalbumina, uma proteína da lactação que está presente na maioria dos cânceres de mama triplo-negativos. A terapia foi desenvolvida para estimular o sistema imunológico a atacar tumores caso eles se desenvolvam.
O estudo baseia-se em pesquisas pré-clínicas que demonstraram que a ativação do sistema imunológico contra a α-lactalbumina era segura e eficaz na prevenção de tumores mamários em camundongos.
“A esperança do Dr. Vicent Tuohy,líder das pesquisas pré-clínicas, era que esta vacina demonstrasse o potencial da imunização como uma nova forma de combater o câncer de mama e que uma abordagem semelhante pudesse um dia ser aplicada a outros tipos de câncer”, afirma Justin Johnson, pesquisador do Departamento de Inflamação e Imunidade da Cleveland Clinic e apresentador do estudo.
“Nossos resultados, que mostram que a maioria dos participantes em todas as três coortes apresentou uma resposta imune à α-lactalbumina, são um sinal encorajador para o potencial da vacina no futuro”, completa.
A Anixa, que possui a licença exclusiva mundial da nova tecnologia de vacina contra o câncer de mama, planeja um estudo de fase 2 para avaliar a eficácia da vacina. O ensaio clínico deverá começar no final de 2026 e tem previsão de duração de dois a três anos.