
Segundo um estudo publicado pelo Instituto Potsdam para Pesquisa sobre o Impacto Climático (PIK), o planeta Terra já ultrapassou sete dos nove limites planetários, indicadores científicos que medem se o planeta ainda opera em condições seguras para sustentar a vida. A novidade de 2025 é a entrada da acidificação dos oceanos na lista de processos que passaram da fronteira considerada segura.
Até 2024, seis processos estavam confirmadamente em situação crítica, e a acidificação aparecia apenas como próxima de ser ultrapassada. Agora, a queda do pH da água e os danos visíveis em espécies marinhas, como os pterópodes (pequenos caracóis que servem de base para cadeias alimentares), confirmam que o limite foi ultrapassado.
De acordo com os pesquisadores, isso coloca em risco recifes de corais, moluscos e ecossistemas inteiros. “O oceano está se tornando mais ácido, os níveis de oxigênio estão caindo e as ondas de calor marinhas estão aumentando. Isso pressiona um sistema vital para estabilizar o planeta”, afirmou Levke Caesar, co-líder do laboratório de limites planetários do PIK.
Leia mais
Os processos que já passaram do limite
- Mudanças climáticas: aumento da temperatura global ligado às emissões de gases do efeito estufa.
- Perda de biodiversidade: extinção em massa de espécies e degradação de habitats.
- Ciclo do nitrogênio e fósforo: uso excessivo de fertilizantes, afetando águas e ecossistemas aquáticos.
- Uso de água doce: demanda crescente em várias regiões já ultrapassa níveis seguros.
- Mudanças no uso da terra: desmatamento e conversão de ecossistemas naturais.
- Poluição química: microplásticos e compostos tóxicos acumulados no meio ambiente.
- Acidificação dos oceanos: aumento do CO₂, prejudicando vida marinha e recifes de corais.
O que ainda está sob controle
- Camada de ozônio: protegida por acordos internacionais.
- Aerossóis na atmosfera: ainda dentro da faixa segura, apesar de afetar climas regionais.
O conceito de limites planetários foi proposto em 2009 pelo cientista Johan Rockström, diretor do PIK. Desde então, equipes internacionais monitoram os processos-chave para a manutenção do equilíbrio ambiental.
Segundo os autores do estudo, se não houver controle efetivo do aquecimento global e de pressões sobre os ecossistemas, eventos extremos, colapso ambiental e desastres climáticos tendem a se tornar cada vez mais frequentes.
*Com informações do G1 e PIK