A defesa da cirurgiã-dentista agredida pelo marido, um coronel da Polícia Militar do Amazonas (PM-AM), em um posto de combustíveis no Parque das Laranjeiras, bairro Flores, Zona Centro-Sul de Manaus, voltou a se manifestar e cobrou explicações da corporação sobre a conduta de outros policiais que teriam participado da ocorrência.
Em vídeo divulgado após a coletiva de imprensa realizada na segunda-feira (17/11), o advogado criminalista Alexandre Torres Jr., que representa a vítima, contestou a nota emitida pela PM-AM sobre o caso. Segundo ele, o comunicado oficial se limitou a tratar do Inquérito Policial Militar (IPM) instaurado contra o coronel, sem esclarecer a situação dos demais militares que aparecem nas imagens.
O advogado afirma que câmeras de segurança comprovam não apenas as agressões do oficial contra a ex-companheira, mas também a participação de outros policiais na violência.
“A Polícia Militar emitiu uma nota e, nessa nota, limitou-se a falar tão somente do inquérito policial militar instaurado contra o coronel, se omitindo de falar sobre os outros militares que estavam envolvidos na ocorrência”, declarou Alexandre Torres Jr.
Ele cobra que a corporação informe se esses policiais estão identificados, se respondem a algum procedimento interno e quais medidas estão sendo adotadas.
“Exigimos que a Polícia Militar se pronuncie sobre o paradeiro desses outros militares, bem como se há uma investigação e um inquérito policial militar em curso, e tome as devidas providências contra eles para que sejam devidamente investigados e punidos”, reforçou o advogado.
Leia mais
Vídeo mostra Coronel da PM agredindo esposa em posto de combustíveis em Manaus
Suspeito de espancar idosa de 102 anos em tentativa de assalto é preso em Tefé
Imagens mostram agressões e chegada de viaturas
O caso ocorreu em junho deste ano, em um posto de combustíveis na zona Centro-Sul de Manaus. As imagens de segurança mostram a vítima sendo agredida com socos e chutes.
Segundo a defesa, após o episódio, viaturas da Polícia Militar foram acionadas. Na sequência, policiais aparecem nas imagens interagindo com o coronel, e a vítima relata que também foi alvo de violência durante o atendimento da ocorrência.
A mulher já havia relatado, à época, um histórico de cerca de 10 anos de violência doméstica, o que motivou o afastamento imediato do oficial de suas funções e o recolhimento de sua arma funcional.
O que diz a Polícia Militar
Na nota enviada à imprensa, a Polícia Militar informou que o oficial responde a um Inquérito Policial Militar na Diretoria de Justiça e Disciplina (DJD) desde junho, mesma data em que o caso foi registrado e que corresponde às imagens que voltaram a circular nas redes sociais nos últimos dias.
Ainda segundo a corporação, o IPM segue em andamento para apurar os fatos, e o militar teve sua arma funcional recolhida e foi afastado da função que exercia em uma diretoria administrativa assim que o comando tomou conhecimento do caso.
A PM-AM também afirmou repudiar qualquer forma de violência contra a mulher e garantiu que acompanha o caso para aplicar as medidas cabíveis.
No entanto, a nota não menciona diretamente os outros policiais que aparecem na ocorrência, ponto central da crítica apresentada pela defesa.
Investigação na esfera civil
O caso também é investigado pela Polícia Civil do Amazonas (PC-AM), por meio da Delegacia Especializada em Crimes contra a Mulher (DECCM) Centro-Sul.
Desde junho, um Inquérito Policial foi instaurado para apurar as circunstâncias das agressões registradas no posto de combustíveis. A polícia judiciária informou que não pode fornecer mais detalhes para não comprometer o andamento das investigações.
A defesa afirma que seguirá acompanhando o caso.