
A Polícia Federal deflagrou nesta segunda-feira (8) a Operação Ouro Negro, com o objetivo de combater o garimpo ilegal dentro da Terra Indígena Yanomami, que abrange áreas nos estados de Roraima e Amazonas. A ação cumpre 13 mandados de busca e apreensão em quatro estados: Roraima, Amazonas, São Paulo e Rio de Janeiro.
Como parte das medidas, a Justiça determinou o bloqueio de R$ 265 milhões em bens e valores das empresas investigadas, além da suspensão imediata de suas atividades econômicas.
Esquema de fraude ambiental
Segundo a Polícia Federal, as investigações revelaram a existência de um esquema de fraude em processos ambientais, com emissão irregular de licenças e autorizações que eram utilizadas para dar aparência de legalidade à extração de minérios — especialmente cassiterita — retirados ilegalmente de áreas protegidas.
Essas autorizações serviam para “esquentar” o minério, permitindo sua comercialização como se fosse proveniente de áreas legalizadas.7
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A investigação ganhou força após a apreensão de duas toneladas de cassiterita em Boa Vista (RR), o que levantou indícios da participação de empresas localizadas em diferentes estados. A logística de escoamento do minério envolvia transporte fluvial e rodoviário, principalmente por rotas no Amazonas.
Ligação com a Operação Libertação
A Operação Ouro Negro integra a Operação Libertação, que ocorre por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), no âmbito da ADPF 709. A decisão exige que o Estado brasileiro promova ações concretas para retirar invasores da Terra Yanomami e preservar o território indígena.
Impacto do garimpo ilegal
A Terra Indígena Yanomami é a maior do Brasil, com cerca de 9,6 milhões de hectares, localizada entre os estados de Roraima e Amazonas. Nos últimos anos, lideranças indígenas vêm denunciando os graves impactos do garimpo ilegal, incluindo:
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Contaminação dos rios por mercúrio
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Destruição de ecossistemas
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Ameaças à segurança e saúde das comunidades indígenas
A PF afirmou que as investigações continuam, com foco na responsabilização dos envolvidos no esquema criminoso, incluindo empresários, operadores logísticos e agentes públicos eventualmente coniventes.