
Alessandra Moja, que se apresentava como líder comunitária e presidente de uma ONG na Favela do Moinho, em São Paulo, foi presa nesta segunda-feira (8/9) durante a Operação Sharpe, deflagrada pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP) em conjunto com as polícias Civil e Militar. Segundo a investigação, Alessandra atuava, na verdade como braço direito do irmão, Leonardo Moja, o Leo do Moinho, apontado como uma das principais lideranças do Primeiro Comando da Capital (PCC) no centro da capital.
A ligação com Leo do Moinho
Leo do Moinho foi preso no ano passado e acumula condenações que somam mais de 25 anos de prisão, incluindo participação no tráfico de drogas e em um homicídio brutal. Mesmo de dentro do sistema prisional, ele teria continuado a comandar o tráfico de drogas na Cracolândia, além de monitorar comunicações policiais com apoio de uma milícia formada por guardas civis metropolitanos (GCMs).
As investigações apontam que as ordens do traficante eram executadas por Alessandra e por José Carlos da Silva, o Carlinhos, integrante do PCC que assumiu a liderança do tráfico na Favela do Moinho após a prisão de Leo. Ambos foram detidos nesta segunda-feira.
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ONG como fachada
Apesar de se apresentar como representante das famílias da comunidade, Alessandra já tinha antecedentes criminais. Ela chegou a ser condenada por homicídio cometido com golpes de faca e, em outra ocasião, drogas como maconha, cocaína e crack foram apreendidas no endereço de sua ONG, que, segundo o MPSP, funcionava como fachada para atividades ilícitas.
Mandados e prisões
Ao todo, a operação cumpriu 10 mandados de prisão preventiva e 14 de busca e apreensão. Além de Alessandra e Carlinhos, também foram presos Jorge de Santana, Claudio dos Santos Celestino, Paulo Rogério Dias, Yasmim Moja Flores, Ronaldo Batista de Almeida, Reginaldo Terto da Silva, Ademario Goes dos Santos e Leandra Maria de Lima.
Extorsão de moradores
Relatos de moradores reforçam o clima de intimidação na Favela do Moinho. Proprietários de imóveis relataram ter recebido cobranças de até R$ 100 mil para poder se mudar para apartamentos da CDHU. Além disso, os criminosos exigiam que, caso vendessem as unidades futuramente, o valor fosse dividido com o grupo.
Entre os beneficiados desse esquema estaria o próprio Leo do Moinho, apontado como dono de diversos imóveis na comunidade.