
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso anunciou oficialmente sua aposentadoria da Corte nessa quinta-feira (9/10), durante a sessão plenária do tribunal. O magistrado encerra um ciclo de 12 anos de atuação no STF, desde que foi nomeado em 26 de junho de 2013 pela então presidente Dilma Rousseff (PT).
Com sua saída, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) terá a responsabilidade de indicar um novo nome para o Supremo, o terceiro de seu atual mandato. Antes de Barroso, o petista indicou Cristiano Zanin e Flávio Dino, que já integram a Corte.
No momento, quatro nomes são considerados ‘favoritos’ para ocupar a vaga aberta com a aposentadoria de Barroso. Todos mantêm relações próximas com Lula. São eles:
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Rodrigo Pacheco, presidente do Senado (PSD-MG);
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Bruno Dantas, ministro do Tribunal de Contas da União (TCU);
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Vinícius de Carvalho, ministro da Controladoria-Geral da União (CGU);
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Jorge Messias, ministro da Advocacia-Geral da União (AGU).
Confira a seguir, o perfil detalhado de cada um dos possíveis indicados.
Bruno Dantas
Bruno Dantas Nascimento, 47 anos, nasceu em Salvador (BA) em 6 de março de 1978. É ministro do TCU desde 2014 e presidiu o tribunal de julho de 2022 a dezembro de 2025. Sua formação acadêmica é considerada uma das mais sólidas entre os cotados: é doutor e mestre em Direito pela PUC-SP e possui pós-doutorado pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).
Dantas também realizou pesquisas internacionais como visiting researcher na Cardozo School of Law (Nova York), postdoctoral guest no Max Planck Institute for Regulatory Procedural Law (Luxemburgo) e pesquisador visitante no Institut de Recherche Juridique da Universidade Paris 1 Panthéon-Sorbonne, em 2019.

Sua boa relação com o Congresso Nacional e com diferentes partidos, inclusive o Centrão, é vista como um trunfo. Dantas foi consultor-geral do Senado entre 2007 e 2011, o que lhe garantiu trânsito entre parlamentares de vários espectros políticos.
Também integrou o Conselho Nacional do Ministério Público (2009–2011) e o Conselho Nacional de Justiça (2011–2013). Além disso, presidiu a comissão de juristas da Câmara dos Deputados que propôs o aperfeiçoamento da gestão pública e o sistema de controle da administração federal.
Atualmente, é professor titular da Uninove (SP), da FGV Direito Rio e da UERJ, além de secretário-geral da Associação Brasileira de Direito Processual Constitucional. Seu nome é considerado de alto prestígio técnico, com aceitação entre diferentes setores da política.
Jorge Messias
Outro nome forte é o de Jorge Rodrigo Araújo Messias, atual advogado-geral da União. Aos 45 anos, Messias é considerado um dos auxiliares mais próximos de Lula no governo. Ele foi nomeado para o cargo em dezembro de 2022, logo no início do atual mandato presidencial.
Natural de Recife (PE), Messias é formado em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), com mestrado e doutorado pela Universidade de Brasília (UnB). Sua trajetória inclui cargos de destaque durante os governos petistas, como subchefe para Assuntos Jurídicos da Presidência da República no governo Dilma Rousseff, e funções jurídicas nos ministérios da Educação e da Ciência e Tecnologia.

Foi também procurador do Banco Central e conselheiro fiscal do BNDES, o que reforça sua atuação técnica em áreas econômicas e financeiras. Messias ganhou projeção nacional em 2016, quando seu nome apareceu em uma conversa telefônica entre Dilma e Lula, durante as investigações da Operação Lava Jato.
Na ocasião, Dilma afirmou estar enviando o “Bessias” com o termo de posse que Lula usaria “em caso de necessidade”, episódio que virou símbolo da tensão política daquele período.
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Vinícius de Carvalho
Com 47 anos, Vinícius Marques de Carvalho nasceu em São Paulo (SP) e comanda desde janeiro de 2023 a Controladoria-Geral da União (CGU), cargo para o qual foi escolhido por Lula em dezembro de 2022.
Carvalho tem longa relação com o PT e é próximo do presidente, com quem mantém diálogo constante em razão das demandas da CGU. É visto como um nome técnico, mas alinhado ao governo, e seria uma escolha segura do ponto de vista institucional.

Ele é graduado e doutor em Direito pela Universidade de São Paulo (USP) e também doutor em Direito Comparado pela Université de Paris 1 Panthéon-Sorbonne, onde foi professor visitante. Desde 2014, é docente da USP e tem experiência sólida em regulação econômica.
Entre 2012 e 2016, presidiu o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e foi secretário de Direito Econômico. Ocupou ainda cargos na Secretaria de Direitos Humanos e no Ministério da Justiça.
Rodrigo Pacheco
Rodrigo Otávio Soares Pacheco, de 48 anos, nasceu em Porto Velho (RO), mas construiu sua carreira política em Minas Gerais. Formado em Direito pela PUC Minas, ele foi presidente do Senado Federal entre 2021 e 2025, comandando a Casa por dois mandatos consecutivos.
Pacheco tem histórico de atuação no Direito Penal e é reconhecido por seu tom conciliador, marca que o acompanhou durante sua gestão no Senado. Foi deputado federal em 2014 e senador em 2018, inicialmente pelo DEM, antes de migrar para o PSD, partido pelo qual ainda é filiado.

Durante seu comando no Congresso, evitou confrontos diretos com o Supremo Tribunal Federal e ficou conhecido por “amortecer” tensões entre os poderes. Essa postura o tornou um interlocutor respeitado tanto por ministros da Corte quanto por lideranças partidárias.
Apesar da boa relação com o STF, Pacheco enfrenta um dilema político. Ele avalia se deixará a vida legislativa para tentar a vaga na Corte ou se seguirá o projeto político do presidente Lula, que gostaria de vê-lo candidato ao governo de Minas Gerais em 2026.
Em março, o senador chegou a ser cogitado para integrar o primeiro escalão do governo, mas recusou o convite.
*com informações de Poder360