Os vereadores da Câmara Municipal (CMM) repercutiram o assunto que marcou o final de semana em Manaus: a roda-gigante instalada no Complexo Ponta Negra, que travou na noite de sábado (22/11), e que o Corpo de Bombeiros teve de resgatar pessoas que estavam no brinquedo.
Assim que o caso veio à tona, o prefeito de Manaus, David Almeida (Avante), fez uma live nas redes sociais e afirmou que a equipe do ex-vereador Amauri Gomes (UB) esteve no local para “cortar os fios de energia”. Durante o ao vivo, ele sugeriu que a interrupção do funcionamento da roda-gigante poderia estar ligada à uma sabotagem, e que o caso será investigado.
Tanto Amauri, quanto sua equipe, afirmam que ele não teve qualquer participação no apagão e que a paralisação “comprovou os riscos” alertado por ele horas antes.
Na Casa Legislativa, quem começou com o assunto foi o vereador Zé Ricardo (PT), anunciando que entrou com um requerimento pedindo informações em razão do contrato, da empresa e do valor cobrado para usufruir da roda-gigante. O petista ainda disse que a situação e que parte de alguns veículos da imprensa estão “mudando o foco” para culpar o ex-vereador Amauri Gomes (UB) pela pane do local.
“Eu vi hoje, de novo, tentando jogar a culpa e mudar o foco da situação e do fato lá, e do problema para o ex-vereador, o Amauri Gomes. Eu vi até todas as reportagens, todas jogam pra ele. É inacreditável jogar assim. Estou dando entrada aqui no requerimento de informações, como é que uma empresa constituída há poucos dias já pode operar, instalar uma estrutura, um equipamento enorme lá na Ponta Negra, uma área nobre de Manaus, constituída há poucos dias? Queremos saber detalhes sobre isso”, pontuou o parlamentar.
Logo em seguida, Marco Castilhos (União Brasil) disse que “pessoas torceram pelo pior”, comentando sobre o ex-colega, e que se sentiu indignado com “truques e ações criminosas” feitas para paralisar os trabalhos da roda-gigante. O vereador ainda defendeu a cobrança da passagem para usufruir do passeio.
“A gente viu uma atuação lamentável de pessoas que estavam torcendo para acontecer o pior e que se utilizou de manobras e que aconteceu tendo o blackout lá na roda-gigante e colocando inúmeras pessoas e famílias preocupadas naquele momento, e que isso trouxe uma situação muito ruim para todos […]. Ali existe investimento, existe usuários, ninguém é obrigado a ir à roda-gigante. Ninguém é obrigado a ir na Ponta Negra, consumir uma pipoca, um queijo. […] Agora, o que não pode é utilizar de meios criminosos para aparecer na internet, para buscar likes, para afrontar as pessoas e colocar a vida das pessoas em risco. Portanto, eu lamento profundamente dessas ações que foi realizada por um ex-colega aqui da Câmara Municipal de Manaus. Devemos apurar, a polícia já está instaurando essa investigação para verificar os responsáveis por essas ações, porque não foi coincidência”, declarou.
Por sua vez, Coronel Rosses (PL) disparou críticas ao Executivo Municipal questionando a empresa contratada e chegando a mostrar uma entrevista feita com o representante do empreendimento. O parlamentar ainda chegou a citar que o ex-vereador, assim que começou a “incomodar”, aconteceu uma “troca de cadeiras” para conter a oposição.
“Agora o que nós descobrimos aqui é que essa empresa pertence a um parente, talvez filho, de um candidato do prefeito do ano passado, da eleição do Avante. […] Nós vimos um rapaz totalmente desqualificado, que nós não sabemos de onde vem, tendo na sua responsabilidade, tendo nas suas costas vidas humanas, vidas dos seus filhos, que poderia ter sido ceifada por causa de um ato irresponsável desse do prefeito e o cidadão tá ali […]. Vamos dar entrada agora numa ação popular para anular essa ilegalidade, para suspender essa aberração e que a justiça passe a limpo isso tudo, passe a limpo em todos os sentidos, porque eu vi que o prefeito conseguiu uma cortina de fumaça acusando ali, um vereador dessa casa, eu não sei se ele está ou não como vereador, a gente sabe quando ele começou a incomodar já houve uma troca de cadeiras aí para tirar ele daqui”, frisou.
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Também questionando a procedência da empresa, Capitão Carpê (PL), mostrou a foto de um terreno onde fica localizado o CNPJ. Ele citou quais documentos são necessários para funcionamento da roda-gigante, na Ponta Negra.
“Eu fiz um vídeo nessa semana justamente questionando isso, que a Ponta Negra, infelizmente, eu falo isso com tristeza no coração, não reflete o que de fato é a cidade de Manaus. A ‘Davidlândia’, que a Prefeitura de Manaus tem tentado apresentar para o resto do Brasil não reflete a falta de infraestrutura, algumas escolas sem reformas, UBS sem reformas, inclusive sem profissionais suficientes para atender a população. Enquanto Manaus tem mais de 10 bilhões de orçamento, vários empréstimos, recursos estaduais, federais, emendas parlamentares, Manaus, infelizmente, não atrasa. E o prefeito, de fato, ele cumpre a máxima de pão e circo, de diversão à população, de alimentação, e você consegue controlar o povo. E foi questionado justamente, presidente, a questão da roda gigante. Ora, uma empresa que foi inaugurada, a Will Manaus, no dia 18/11, passando a operar nessa cidade no dia 20/11, dois dias apenas, em dois dias apenas essa empresa conseguiu de forma recorde o que ninguém consegue nessa cidade tendo em vista a burocracia”, frisou.
Rodrigo Guedes (PP) cobrou da Casa Legislativa mais atuação em relação às fiscalizações sobre a empresa contratada. O parlamentar também comentou sobre Amauri Gomes ter sido acusado injustamente.
“Essa Câmara aqui tem que exigir explicações, tem que exigir acima de tudo documentações, porque explicações verbais elas não resolvem muito não, mas documentação, sim. O TCE, Tribunal de Contas, tem que exigir a documentação da Prefeitura de Manaus, e estarei hoje protocolando lá no TCE esse pedido de informações também, além daqui da Câmara Municipal de Manaus. […] Não poderia deixar de falar também sobre as acusações que o prefeito fez o ex-vereador Amauri, que foi lá fiscalizar, e ele tem o direito é o dever fiscalizar. Na verdade, ele foi como cidadão, não estava mais exercício mandato, mas eu me pergunto: cadê as imagens das câmeras a Ponta Negra? Não tem sistema de câmeras? Acusa o vereador, assim, sem nenhuma prova? Algo gravíssimo, colocando a vida de pessoas ali em risco sem nenhuma prova”, frisou.
Rebateu
O líder do prefeito na Casa Legislativa, vereador Eduardo Alfaia (Avante), rebateu todas as declarações, afirmando que os parlamentares que compõem a bancada da oposição na CMM deveriam também ver os êxitos colhidos durante a gestão atual.
“Mas eu quero hoje fazer, na verdade, não é nem uma reflexão, mas nós precisamos trabalhar para que essa cidade avance, para que Manaus cresça, para que Manaus melhore. Eu nunca virei aqui na tribuna da casa criticar melhorias e avanços em qualquer que seja a área, muito pelo contrário, é digno de louvores e aplausos. Eu gostaria que essa mesma oposição que critica hoje a roda-gigante também pudesse olhar para o local, a Casa de Praia, aquilo era um lugar abandonado, vivia um verdadeiro ostracismo, aquilo era um antro do submundo das drogas e hoje [uma] praia, se tornou, inclusive, uma foto de cartão postal da nossa cidade, que onde as pessoas vão elas divulgam o local Casa de Praia e isso é uma conquista da gestão do prefeito David Almeida. Só critica isso quem tem condições para levar o seu filho para a Disney, lá na roda de Camboriú”, destacou.