Flanelinhas realizaram um protesto nesta terça-feira (16/09), em frente à Câmara Municipal de Manaus (CMM), com alguns cartazes pedindo apoio dos vereadores para que a categoria seja reconhecida e tenha suas demandas ouvidas.
A manifestação, no entanto, foi alvo de críticas do vereador Rodrigo Guedes (PP), em suas redes sociais, que classificou a cobrança de pagamentos abusivos em eventos locais como “extorsiva e ilegal”.
Guedes relatou que foi cobrado diretamente pelos manifestantes durante a mobilização. O parlamentar afirmou que não pretende interceder pela atividade da categoria, alegando que a solução é simples:
“É só pararem de exigir que o cidadão pague por algo que não quer e não deve pagar e tá tudo bem”, escreveu.
O vereador também destacou que, em sua visão, a prática deixou de ser um serviço voluntário para se transformar em imposição. “Quando era um negócio saudável, quando ainda se perguntava ao motorista se ele queria que seu carro fosse reparado, era menos mal”.
“Posso reparar seu carro aí, meu patrão?!’ Era menos mal. Agora é: ‘é R$ 20 pra parar aqui!’. Aí não dá! Exigir 20, 30 e até 50 reais pra estacionar em local público não é trabalho!”, criticou.
Durante a manifestação, Guedes ainda ironizou os cartazes levados pelos flanelinhas, que continham erros de português. Um deles trazia a palavra “samos” em vez de “somos”. “Curiosamente, tem dois cartazes escritos ‘samos’. Um ‘samos’ logo depois do ‘somos’. Erro proposital?!”, questionou em tom sarcástico.
Ao encerrar suas declarações, o parlamentar disse que sua posição não é um ataque pessoal à categoria, mas sim um reflexo do clamor popular contra a prática.
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Representantes da categoria
A Rede Onda Digital entrou em contato com a Associação dos Guardadores e Lavadores Autônomos de Veículos do Amazonas (Aglavam) e conversou com o presidente da cooperativa, Henrique André dos Santos, para ouvir o posicionamento da classe. Ele informou que os trabalhadores foram até a CMM protestar contra os conteúdos divulgados pelo vereador Rodrigo Guedes em suas redes sociais, os quais, segundo ele, contêm palavras ofensivas.
“Nós já temos essa cooperativa há mais de 20 anos e temos cadastrados 1.653 guardadores de carros em Manaus. Hoje fomos até a Câmara porque nós, pais de família, nos sentimos ofendidos com os áudios e vídeos que o parlamentar Rodrigo Guedes divulga nas redes sociais, chamando a gente de criminosos, de bandidos, dizendo que somos quadrilhas. Mas isso não é verdade. Ele não nos conhece, não sabe que temos nossa associação e cooperativa. Estamos registrados, em dia, pagamos nossos tributos. Temos uma sede no Centro, e nossos guardadores de carros trabalham identificados, com uniforme e crachá no ponto de trabalho”, disse Henrique.
O presidente também afirmou que Guedes não procurou a categoria para dialogar, mas que os vereadores Rodinei Ramos (Avante) e Eduardo Alfaia (Avante), líder do prefeito na Casa, ouviram as reivindicações e se colocaram à disposição.
“A Casa se manifestou por meio do vice-presidente e de dois vereadores, o Rodinei e o líder do prefeito. Eles foram até nós, conversaram e se dispuseram a ajudar. É isso que queremos: respeito. Porque não são todos os trabalhadores como ele fala. Fomos pedir melhorias e reconhecimento. Esses ataques do vereador atingem a categoria inteira, quando na verdade, em qualquer profissão, existem bons e maus profissionais”, completou.
Por fim, Henrique destacou que o posicionamento da categoria é de revolta pela forma como foram expostos nas redes sociais. Ele reforçou que os guardadores não são contra a fiscalização, mas contra a generalização feita pelo parlamentar.
“A gente não é contra a fiscalização dele. Mas desde que seja feita apenas onde há erro. Ele não pode nos julgar perante a sociedade e nossos clientes da forma como vem fazendo. Fomos até a Câmara pedir apoio para que isso pare, para que ele deixe de perseguir a categoria. Fomos mostrar nosso rosto, nos expor, para deixar claro que não somos aquilo que ele fala”, concluiu.
Fiscalização do vereador
Em agosto deste ano, o vereador já havia denunciado a atuação de flanelinhas no Centro de Manaus. Na ocasião, ele registrou em vídeo a cobrança feita a motoristas para estacionar em via pública e classificou a prática como ilegal.
O parlamentar afirmou que recebeu inúmeras reclamações de cidadãos que se sentiam coagidos a pagar valores abusivos, reforçando que o espaço público não pode ser transformado em fonte de exploração. Durante o festival Sou Manaus Passo a Paço 2025, Guedes também esteve nas ruas fiscalizando a ação dos flanelinhas e divulgou imagens nas redes sociais.
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