A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) finalizou a avaliação técnica da Butantan-DV, primeira vacina de dose única contra a dengue no mundo. Nesta quarta-feira (26/11), a agência assina, em São Paulo, o Termo de Compromisso com o Instituto Butantan, um rito obrigatório que define as obrigações do fabricante e permite a liberação definitiva do registro nos próximos dias.
Este é o último passo antes da formalização do imunizante, cuja distribuição será importante às vésperas da temporada propícia à alta dos casos de dengue no país.
Apesar da aprovação, ainda não há previsão de quando a vacina será incluída ao calendário nacional. Porém, mesmo antes da aprovação regulatória, o Butantan havia iniciado a fabricação da vacina em seu parque industrial. O instituto já tem mais de 1 milhão de doses prontas para serem disponibilizadas ao PNI (Programa Nacional de Imunizações).
O vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), pediatra e infectologista Renato Kfouri, falou sobre o imunizante.
“A vacina demonstrou eficácia elevada, em torno de 75% contra a doença e acima de 90% para formas graves e hospitalizações”, explicou.
Segundo cinco anos de ensaios clínicos, a vacina apresentou, entre pessoas de 12 a 59 anos:
- Eficácia geral: 74,7%.
- Proteção contra dengue grave ou com sinais de alarme: 91,6%.
- Proteção contra hospitalizações: 100%.
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Para ampliar a oferta, o Butantan fechou uma parceria internacional com a empresa chinesa WuXi, o que permitirá entregar cerca de 30 milhões de doses no segundo semestre de 2026.
A Butantan-DV é a primeira vacina de dose única contra a dengue no mundo. Segundo relatório publicado na revista Human Vaccines & Immunotherapeutics, esquemas com menos doses estão associados a:
- maior adesão da população;
- campanhas mais simples de organizar;
- cobertura vacinal mais rápida em emergências sanitárias.
A Anvisa também estuda ampliar a aplicação da vacina para pessoas de 60 a 79 anos. Dados adicionais deverão ser analisados para definir a inclusão de crianças de 2 a 11 anos, embora estudos clínicos já indiquem segurança nesse grupo.
*Com informações de G1